A menina
teimosa, que desafia, questiona, fala sem parar. Esta sou eu criança. Quero
provar que tenho razão, quero justiça, tirar conclusões, construir verdades. A
outra, é minha mãe. Cabeça cheia do que fazer, sem disposição para tanto
pensar, tanto argumentar, tanto imaginar, tanto responder. Mas eu insisto, quero saber, quero imaginar, quero diferente, quero
agora. Ela perde a paciência e briga comigo como se fosse criança. Quem é
mesmo ela? Ah, agora sou eu! E a criança
teimosa? Esta não é mais eu, agora é minha filha. Não quer comer, não quer
arrumar os brinquedos, não quer estudar. Só quer imaginar, pensar, falar, criar
verdades. “Né, mamãe, né mamãe?” pergunta ela sem parar. Minha cabeça cansa,
perco paciência, brigo com ela como se fosse criança.