14 de fevereiro de 2013

Escrever para não esquecer

Helena, 

Tenho o privilégio de passar muito tempo com você. É sempre uma delícia, mas existem alguns momentos em que tudo parece conspirar para torná-lo sublime.

Hoje tivemos um destes momentos. Levei você para passear na praia durante um final de tarde digno de cartão postal. 

Primeiro estava inquieta e incomodada. Eu demorei para entender que você queria empurrar o seu próprio carrinho de passeio, segurando "como a mamãe segura". Inclinei o carrinho e você ficou  "passeando" uma concha. Estava realizada com a sua conquista e não parava de sorrir. Vira e mexe, parava para checar se a "concha estava bem". 

Quando cansou de empurrar o carrinho, sentamos na areia e começamos a descobrir o que a maré tinha trazido. Conchinhas, garras de siri, pedaços de pau, palito de sorvete. Cada coisa uma nova descoberta, uma nova brincadeira. 

Lá pelas tantas você ficou de pé, apoiada em mim, e fez a minha brincadeira preferida: se escondia atrás de mim e colocava o seu rostinho cada vez de um lado dizendo "achooo". Toda vez que os nossos olhos se cruzavam, eu ficava impressionada com a beleza do seu olhar. Os cílios que movem o ar, a expressão alegre, cheia de vida. É de parar o coração! 

Depois do esconde-esconde fomos dar um mergulho no mar, já com as núvens típicas das chuvas de verão se formando sobre nós. Você, cansada, começou a se aconchegar no meu colo. O rostinho encaixado no meu ombro e a mãozinha no meu pescoço, uma delícia. Mesmo molinha, você não deixou de gargalhar quando a onda vinha, eu mergulhava e passava você por cima. 

Estávamos unidas como se fossemos uma só e totalmente conectadas  com toda aquela natureza ao nosso redor. Neste momento entendi que assim como o mar, as ilhas, o céu, você é uma obra perfeita da natureza. Aproveitei o momento para pedir que você continue sempre assim: saudável e feliz. 

Quando as primeiras gotas de chuva começaram a cair e os primeiros raios começaram a tocar o horizonte, saímos do mar renovadas. 

Mais tarde, comecei a relembrar cada detalhe desse nosso momento, tentado achar alguma gaveta livre na minha memória para guardá-lo. Mas memória não é o meu ponto forte e a minha vive me traindo. Sei que os sentimentos bons daquele momento ficarão registrados no nosso inconsciente e nos ajudarão a sermos pessoas mais felizes a termos relações mais fortes. Mas eu quero mais, quero poder lembrar de cada detalhe. Por isso, resolvi escrever, para um dia poder reler junto com você e reviver o gostinho de cada instante desta tarde de verão. 

Que venham muitas outras! 




Um comentário:

  1. Texto lindísimo e emocionante. Que vocês possam fazer muitas outras descobertas juntas nesses dias mágicos de verão.

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